Cheguei no Laos pela cidade de Luang Prabang, e a vinda já foi um caso a parte. Para chegar da fronteira até aqui temos que ir rio abaixo e existem duas formas de fazer isso: uma com o barco lento, que demora dois dias; e outra com o barco rápido que demora seis horas. Quando fui comprar passagem me disseram que era um pouco perigoso, fiquei meio assustado quando me deram um capacete pra entrar no barco, até que começou a viagem e entendi porque, o barquinho chega até 88Km/h e tem trechos do rio que não são tão profundos assim... mas sem dúvida é muito divertido, e é engraçado ver que todos usam isso apenas como transporte aqui enquanto em qualquer outro país isto seria uma atração turística e teria fila só pra dar uma voltinha.
A cidade é bem pequena, e tem templos em todos os lados, como é passagem obrigatória pra quem vem do norte da Tailandia e quer entrar no Laos tem muitos turístas, mas a maioria não fica mais que dois dias. Eu seguindo minha nova teoria que vale mais a pena ir a menos cidades ficando mais tempo em cada uma do que sair rodando que nem um doido, fiquei cinco dias aqui.
De modo geral, os hábitos do Laos são semelhantes ao da Tailandia, mas algumas diferenças são fáceis de perceber. O país é visivelmente mais pobre, porém ao mesmo tempo, as pessoas são mais educadas e é mais fácil de encontrar gente que fala inglês (dizem que é herança do comunismo) e aqui tem um pão excelente o que pra quem quer fugir das comidas estranhas é muito bom (dizem que é herança da colonização francesa).
Em Luang Prabang além dos muitos templos também tem algumas cachoeiras pra visitas, e a cidade fica as margens do rio formando lindas paisagens especialmente no fim de tarde. Além disso a cidade tem um clima bom, com muitos mercadinhos de comida vendendo tudo que é bicho de morcego até porco espinho, e pessoas sempre simpáticas.
Vang Vieng
Aqui o clima já é completamente diferente, nunca vi tanto turista em uma cidade, se for fazer uma estátistica de turista por habitante talvez o resultado seja que tem mais turista, e o pior é o tipo de turista, é aquele pessoal que vai só pra encher a cara, não respeita nenhum costume local, não ta nem aí pra conhecer o lugar que está, tanto que a principal atração da cidade é o tubing, que resumindo se trata em sentar numa boia dentro do rio, parar em alguns bares com música eletrônica absurdamente alta, beber tudo que passar pela frente e fazer idiotices achando que é engraçado... não que isso não seja divertido, mas não acredito que alguém quando viaja meio mundo pra chegar num lugar como o Laos quer ver isso. Eu depois de relutar acabei dando uma passada em um dos bares no último dia. A foto vou ficar devendo, mas coloco na próxima postagem ou antes.
Além do tubing, aqui também tem umas cavernas pra visitar, essas sim são muito legais, caminhamos cerca de vinte minutos caverna a dentro só com duas lanternas para cinco pessoas, sem cruzar com mais ninguém lá dentro e não chegamos até o fim pois alguns estavam com medo de não achar o caminho de volta.
Phonsavan
Vim pra cá como quase todos pensando que a principal atração seriam as jarras, que são mais de mil imensas jarras feitas de material orgânico a mais ou menos 3000 anos atrás e ninguém sabe exatamente porque, pra mim a melhor teoria, ainda que tecnicamente seja uma das mais absurdas é que elas eram usadas pra fabricação de Laolao (whisky de arroz). Mas depois de chegar aqui vi que a principal atração na verdade é triste.
Durante a guerra do Vietnã os Estados Unidos lançaram mais bombas no Laos do que foi lançado na Alemanha e no Japão juntos durante toda segunda guerra, e o pior é que o tipo de bomba lançada aqui é desenhada especificamente pra matar pessoas e não para destruir territórios, por aqui chamam esse fato de guerra secreta, já que devido ao acordo assinado antes da guerra o Laos não poderia ser atacado, e até recentemente os EUA negavam o lançamente de qualquer bomba no território e agora assumem apenas pequena parte, mas fato é que as provas estão por todo lado, até hoje centenas de pessoas morrem por bombas que ainda não explodiram, e a quantidade foi tanta que se vè a utilização de seus cascos para tudo, como lareira, pra alimentar os animais, montar hortas, sustentar casas, é impressionante como ao se andar pelas ruas e vilarejos se vê restos de bombas por todos os lados, e ainda tem lugares que não se pode entrar pois não há como garantir se tem bomba ou não.
Mas nem tudo é triste, por acaso cheguei aqui no início da celebração do ano novo para os Mons (não tenho certeza se é assim que se escreve) população no norte do Laos, e a principal cidade é justamente Phonsavan. O festival trás gente de todo Laos, e é bem interessante de se ver, as mulheres todas usando trajes típicos e é montado como que um pequeno circo na cidade, com muitas tendas carrinho de bate bate e roda gigante (a menor que já vi).
Além dos esportes, o cactho (também não tenho certeza se o nome é esse) que é tipo um futvolei com bola de dura rede baixa e que eles jogam dando voadora, e o torneio de futebol, que contou com a participação internacional minha e de um francês, mas na verdade meu time não queria que eu jogasse então entrei em campo faltando cinco minutos, deu pra ajudar o time a empatar a partida, mas confesso que não fiz muito.
Daqui to descendo rumo ao Cambodia pra ver os famosos templos.